Once upon a time...

Quem não acredita em amor a primeira vista é porque nunca viveu um, e posso dizer que até viver também tinha as minhas dúvidas. É inexplicável a sensação e a sorte de ser contemplado pela flecha do cupido. E foi assim que na véspera de um feriado eu fui, despreocupada e desprotegida, para uma festa, conhecer aquele por que me apaixonaria. Eu ainda nem tinha terminado a escola, estava no meu último ano, ainda fazia cursinho de inglês, não tinha muita frescura, qualquer lugar era festa, não existia tempo ruim. Ele, homem maduro, já tinha vivido todo tipo de experiência, sempre soube muito bem o que queria. Meio estranho de acreditar que daria certo? Mas o destino tem dessas surpresas.  Eu já tinha olhado no relógio um milhão de vezes, minha carona estava mais de uma hora atrasada, meu batom já tinha até perdido a cor, comecei a pensar que tinha levado um bolo. E finalmente eu ouvi uma buzina, e era a hora, que eu mal sabia que podia mudar a minha vida, mas era a hora! Quando eu cheguei, provavelmente, já tinha ido muito mais de duas caixas de cerveja, a festa começou às nove e eu cheguei meia noite, mas de que importavam as horas se na hora em que eu cheguei ele estava lá, parado, na frente o portão, a primeira pessoa que eu vi, mas até então, era só mais uma pessoa. Ele, já tinha bebido, já tinha curtido, já tinha esperado, só não esperava que eu surgisse; perguntou para um amigo o meu nome, quis se aproximar, mas não deu em nada. É claro que eu o via me olhando, mas nada me fizesse parar o que estava fazendo e ir até ele, conversar, quem sabe, que era  o que eu faria com outra pessoa. Depois de tanto olhar de longe, ele finalmente tomou coragem e veio falar comigo, eu podia jurar que não iria rolar nada, eu tinha certeza das minhas emoções, sempre fui muito controlada e isso estava claro na minha cabeça. Por mais que não quisesse nada, estava muito difícil conversar com todo aquele barulho e toda hora algum amigo vindo dizer uma qualidade dele e que era para que nós ficássemos juntos, então fomos para o lado de fora. E ali se passou um minuto, dois, dez, sessenta, e a conversa não acabava, o tempo se arrastava, mais isso não era ruim, muito pelo contrário, tinha muito tempo que não conhecia alguém assim, na verdade, acho que nunca conheci. A única diferença do lado de dentro era que o barulho tinha diminuído, porque as pessoas continuavam vindo do lado de fora da festa para ver se o tão esperado beijo já havia acontecido. Os amigos dele me chamavam de difícil, os meus amigos me chamavam de volta para a festa, mas era indiferente, nem eu ouvia nada, nem ele. E foi ali que continuamos por mais um tempo, cada com a sua certeza, eu de que não queria nada, e ele de que conseguiria ter aquela garota por aquela noite. Como eu, que tinha tanta certeza de que não queria nada, fui tomar a iniciativa e roubar um beijo? Até hoje eu não sei, mas foi assim. Encostei  meus lábios nos deles antes que ele esperasse, antes mesmo que ele tomasse fôlego, antes mesmo que eu pensasse no que estava fazendo. Agora sim, não ouvia mais o barulho da música do lado de dentro da casa, só ouvia as batidas do meu coração, e as perguntas da minha cabeça, por quê? Por que você fez isso? Mas aí quem iria responder não seria eu, e sim o meu coração, foi ele quem resolveu, eu só segui o impulso.