Amor I love you

Começar a contar das nossas histórias, me faz lembrar o porque de estarmos juntos há tanto tempo. Antes eu não me considerava uma pessoa carinhosa, e não era mesmo, uma vez cheguei a procurar no Orkut uma comunidade que falasse “eu não gosto de carinho” e para a minha surpresa, eu estava sozinha nesse barco, porque não existia ninguém que dividisse essa opinião comigo. Mas desde que conheci o Pedro não quis desgrudar dele um só instante, tinha certeza de ter encontrado quem eu gostaria de passar todos os anos que viriam pela frente. Assim como um casal de pinguins que encontra a felicidade e não abandona nunca. Mas eu só tinha 17, e não ia à esquina sem dar satisfação, e tão pouco fazia o meu estilo a adolescente rebelde, que foge de casa para viver o grande amor. Tive que engolir muito sapo até conseguir equilibrar o Pedro e os meus pais: o Pedro queria sair, queria viajar, queria tudo! Só que meu pai também queria a filhinha dele em casa, de preferência antes das dez, queria ela dormindo em casa sempre, queria ela convivendo nos finais de semana com a família dela, e queria, queria. Era o direito dos dois. Mas com uma desculpa aqui, outra dali, foge daqui, escapa dali e finalmente consegui viajar com o Pedro! Destino: Sana. Era no feriado da Páscoa e tinha chovido a semana toda, mas meu cunhado garantiu que seria muito bom. Mesmo com a viagem cansativa, nada podia me alegrar mais do que o ventinho com sabor de liberdade que aquela trilha me proporcionava. Nada mesmo? Ficamos acampados: eu, o Pedro, o Rodrigo e a Adriana, e minha falha lembrança do que era dormir em um acampamento. Não sei que presente de grego era aquele, mas alguém deixou arroz dentro da barraca que alugamos e dentro já tinha até bichinhos, eca! Mas só descobri essa história semanas depois, porque o Pedro sabendo do escândalo que eu iria fazer limpou antes que eu visse, mas não deu pra esconder de mim que eu ia ter que tomar banho em um cano do lado de fora e no meio da chuva, pois é, voltou a chover enquanto estávamos lá. Depois de um “bom” banho, só faltava a comida para que a gente pudesse dormir feliz: macarrão instantâneo! Não podia mais acontecer nada, o dia já estava movimentado demais, quando o Pedro surge com três bombons embrulhados em papel dourado, depois de quarenta dias sem comer chocolate, eles não ficaram inteiros cinco segundos depois que meus olhos os fitaram pela primeira vez. Foi nessa viagem a primeira vez em que eu percebi o quanto ele gostava de mim, e se esforçava para que no fim eu sempre estivesse com um sorriso no rosto. Um dia eterno, cheio de vontade de aproveitar mais e mais, mas a minha liberdade não era eterna, e o consenso era de um dia, e que dia... Não faria nada diferente naquela viajem, não mudaria o rumo, a forma, do jeito mais estranho possível, estava tudo perfeito. Depois dessa vieram inúmeras de viagens: Curitiba, Cabo Frio, São Paulo, Friburgo, Foz do Iguaçu, Araruama, Arraial do Cabo, Teresópolis, onde estivemos desde hotéis de luxo, até casa de parentes, viajamos com amigos queridíssimos, ou sozinhos, viagens longas, ou de um dia só. Mas sempre conhecendo lugares novos, sejam eles, lugares novos para os dois, ou lugares novos onde novos momentos se deixavam surgir.