O vestido

Assim que falei do casamento para as pessoas, começaram a surgir candidatas a olhar o vestido comigo. Todo mundo achava maravilhosa a ideia de uma sala cheinha de vestidos brancos, cheios de brilho e renda, cheia de sonhos. Mas eu não. Sabia que a indecisão iria tomar conta de mim e eu voltaria pelo menos umas vinte vezes àquele lugar para fazer provas. O Pedro já estava ficando desesperado com a demora. Ele queria que eu fosse à loja no mês em que me pediu em casamento. E eu ainda enrolando. Até que escolhi o dia! Juntei duas amigas, com gostos bem diversos, e fui. Cheguei um pouco sem saber o que fazer, como dizem, pisando em ovos. Nunca tinha entrado em um lugar tão branquinho como aquele, parecia que eu ouvia as vozes e os risinhos de felicidade das outras noivas que passaram por ali. No entanto, só tinha eu e minhas duas amigas dentro da sala. E foi quando a costureira chegou e fez a tão temida pergunta: você já sabe como quer o vestido? Eu tinha mil respostas, tinha ficado semanas olhando revistas com os mais diversos modelos, eu queria tomara que caia, mas podia ter alça também, eu queria com brilho, mas podia ser de renda também, eu queria, sei lá, mil coisas. A única certeza que eu tinha era que queria ficar linda, e foi aí que eu deixei nas mãos dela. Vesti um e gostei, por incrível que pareça. Vesti outro e nem pensar. Aí, experimentei ele. Não tinha mais dúvida, estava pronto, pronto para mim, pronto no meu corpo, era ele! Quando eu vesti, mal pude acreditar que todo o meu desespero havia passado, ele era tudo o que eu esperava, sem que eu precisasse falar. Era o mais branco que eu já tinha visto, era o mais discreto, e exuberante ao mesmo tempo. Não fui eu quem o escolhi, foi ele quem me escolheu.